Chus Pato
joana meirim
Falabamos
e a conversa semellaba un iglú
un fío branco
un tecido vexetal
unha cúpula
Tu
cazador
falaches da disposición cromática dos cuarzos
abatías o cervo para conxelar o seu corpo no aire
do outro lado da fiestra chía o amencer
un infinito
rompe e respira
se unha druída viñese hoxe na miña lingua
sería unha columna de verdor
vai cos cans
mide cos pes os soutos onde se tecen as augas
son tránsitos enormes
o verso xira e volve ao remate do suco
todo se cava
a tumba o pozo
*
Arrubiamos a rosa
faise con sangue
Chus Pato (Galiza, 1955) é uma das vozes mais representativas da poesia galega contemporânea. É autora de dez livros de poesia, publicados entre 1991 e 2013, tendo recebido vários prémios, como o prémio nacional da crítica espanhola, por duas vezes o prémio Losada Dieguez e o prémio Mondoñedo 10. Para além da sua projecção no mundo anglo-saxónico, os seus livros foram editados em países como Argentina, Portugal, Holanda ou Bulgária, e os seus poemas estão presentes em dezenas de antologias nacionais e internacionais. Participou nos festivais de poesia de Barcelona, Rosario, La Habana, Buenos Aires, Bratislava, Roterdão, Antuérpia, Lisboa, Córdova, Ottawa , Bruxelas e Guayaquil. Em 2015, a sua voz passou a fazer parte das gravações do Woodberry Poetry Room de Harvard. Nelas estão também as palavras de figuras da literatura universal como Elizabeth Bishop e W. H. Auden. É membro da Real Academia Galega desde 23 de setembro de 2017.