Maio
Sara Carvalho
Em Maio:
“Quem em Maio não merenda”, diz a sabedoria popular, “aos finados se encomenda”. As novidades deste mês nos Jogos Florais não matam a fome, e muito menos desencomendam o que quer que seja, mas não perdem nada em espreitá-las.
Da gavetinha dos inéditos, por exemplo, tiramos um poema de Jorge Sousa Braga sobre o baixo valor de mercado das pessoas.
E contamos ainda com a pré-publicação de dois poemas do livro ping-pong de Ramiro S. Osório e Sebastião Belfort Cerqueira.
Na entrevista, Wendy Cope fala-nos sobre poemas divertidos e poemas felizes, rimas que não funcionam e formas desajustadas ao conteúdo, entre muitas outras coisas.
Em Poemas de agora, João Dionísio analisa “Vem, noite coisíssima e pindérica!” e explica de que modo Golgona Anghel se constitui como o nome de chegada de uma linhagem ilustre fundada por Álvaro de Campos e seguida por Mário de Cesariny. Maria Sequeira Mendes escreve sobre “Reading Scheme”, de Wendy Cope, e faz notar que saber palavras não chega para que as crianças compreendam o mundo dos adultos. Sara Campino escolhe um poema de Ana Hatherly, “Num Hotel de Cinco Estrelas – II”, alertando para as “simetrias imperfeitas” em que se alicerça o seu sentido.
Em Poemas de antes, Rita Faria continua a analisar os Poetas do Cancioneiro. Desta vez escreve sobre "Antre tamanhas mudanças", uma cantiga de Bernardim Ribeiro, na qual encontra uma reflexão sobre a velhice, a aversão à mudança e a preferência por uma “dor segura”.
Claudia J. Fischer e Vera San Payo de Lemos oferecem-nos a tradução de “No Egipto”, um poema que Paul Celan enviou a Ingeborg Bachmann, em Maio de 1948, na primeira carta entre ambos, e Rita Faria traduz a cantiga analisada, “Antre tamanhas mudanças”, de Bernardim Ribeiro.
Não se esqueça de espreitar o poema da Wendy Cope que a Marta Brito traduziu para emoji.
Por fim, este mês oferece-nos curiosidades sobre Eça de Queirós, Doris Lessing, Julio Cortázar e Oscar Wilde.