Março
Sara Carvalho
Em Março:
Na secção de inéditos temos uma mancheia de autores extraordinários: Miguel-Manso, Margarida Vale de Gato e A. M. Pires Cabral.
Em Poemas de agora, Helena Carneiro explica como nos preservamos da morte vendo pessoas (ficcionais) morrer em “There is a button on the remote control called FAV...”, de Claudia Rankine. Jorge Almeida analisa “Cães que brincam”, de A.M. Pires Cabral, e mostra como dois cães à bulha são alegoria de “uma disputa entre um plano descritivo e um plano meditativo”.
Em Poemas de antes, Clara Rowland escreve sobre o poema “Na boca”, de Manuel Bandeira, considerando-o um “pequeno tratado sobre as condições da enunciação em poesia”. Rita Faria analisa a crueldade do “confronto entre aquilo que somos e aquilo que gostaríamos de ser” no vilancete “Ó meus castelos de vento”, de Sá de Miranda. Também recupera do esquecimento o poema “S’obedecera a rezam”, de Duarte de Resende, explicando como este poema não devia ter sido esquecido porque é uma breve e melodiosa constatação de uma verdade que qualquer pessoa já sentiu e que provavelmente sente todos os dias: a cabeça não vive sem corpo, e este impõe a sua vontade muitas vezes.
Pedro Mexia traduz alguns poemas de Carnac de Guillevic e Rita Faria, na secção dos poetas do Cancioneiro, traduz “S’obedecera a rezam”, de Duarte de Resende.
Na secção pedra-de-toque, publicamos uma parte de um texto que inspirou muito do trabalho que fazemos em Jogos Florais. Em “As duzentas mulheres de Miguel Torga”, Alexandre O’Neill analisa um dos seus poemas predilectos, explicando o motivo pelo qual o poema merece ser lido.
Podemos ainda ler em inglês várias partes da grande entrevista do mês passado a Paulo da Costa Domingos, tentar adivinhar o poema em emoji e descobrir as pérolas escolhidas por Elisabete Marques. Por fim, nas curiosidades de Março, entre outros assuntos, ficamos a saber quem foi o médico de Lord Byron e a reacção de Harper Lee à crítica de uma colega de ofício.