Alberto Pimenta sobre um poema de António Botto
Nuno Amado
Num dos capítulos de A Magia que tira os Pecados do Mundo, Alberto Pimenta analisa um poema de António Botto dando particular atenção às relações numéricas que o constituem (número de estrofes, de versos, de sílabas). Como explica, trata-se de uma canção na qual o plano rítmico, que a divide estroficamente ao meio, se cruza com o plano melódico, que a divide por sua vez em três partes. Esse cruzamento é determinante, pois antecipa formalmente aquilo a que depois a canção procura dar representação. Como Alberto Pimenta mostra, o lado arquitectónico do poema não é de todo aleatório, e a representação do amor, ou antes a representação da forma em que ele se apresenta (o encontro amoroso dá-se depois do desejo rechaçado e antes da inevitabilidade do cansaço), não se faz neste poema sem o auxílio precioso da engenharia do verso.
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