Uma inocência
joana meirim
Gosto deste poema porque é sobre um “certo tipo de coisas” e um “certo tipo de palavras”. Aquele certo tipo de coisas poderá relacionar-se com plásticos, vidros, metais (“lixo”); este certo tipo de palavras poderá articular-se com o ofício da poesia e o do poeta (“O que faz a poesia?/ Remir e remir e remir/ como as asas espancando”). O modo distinto como essa ligação é percebida poderá abreviar-se nisto: o poema é feito a partir de um certo tipo de palavras que, procedendo da sujidade e do monturo, deles se liberta violentamente. Duas actividades – fazedores de palavras e fazedores de lixo – exclusivamente humanas e que, numa leitura atenta, não deixam de favorecer estranhas correspondências.
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