Novembro
Nuno Amado
Em Novembro:
Novembro à porta, geada na horta, e para aquecer, temos nos Jogos Florais deste mês uma entrevista, em plena Urca, com o poeta brasileiro Armando Freitas Filho, que nos fala das suas angústias e alegrias da influência (Bandeira e Drummond), da sua relação com Ana Cristina César e do governo actual do Brasil.
Em Poemas de Agora, Helder Gomes Cancela analisa “conduzi para vale de canas”, um poema de Bénédicte Houart, e explica a importância do “sujeito da frase” ou, por outras palavras, o lugar de um “Eu” que não se sabe (ainda) quem é.
João de Bragança faz a leitura de “Vamos a hacer limpieza general“ de Amalia Bautista e explica por que um coração desabitado pode representar, afinal, a liberdade, em particular aquela de acolher o Outro.
Em Poemas de Antes, António Ramalho lê “Salomé”, de Eugénio de Castro, notando, entre outras coisas, que volúpias passageiras, decadências morais e a escolha imperfeita entre salvação e perdição são, curiosamente, tão transitórias como plurisseculares. “Reyerta”, de Federico García Lorca, é analisado por Jorge Almeida, que explica a inesquecível imagética do poema e os “erros descritivos” inerentes à categorização forçada de seres humanos em grupos que não passam de construções sociais. Também nesta secção, Teresa Bartolomei recorda “Die blaue Blume“ de Joseph Von Eichendorff, discorrendo sobre a nossa procura por coisas que podem, ou não, ser inalcançáveis.
Em Inéditos, damos a conhecer um poema de Cláudia R. Sampaio e ainda “Yarn” de Jeffrey Childs, traduzido por Rita Faria para português.
E na Marginalia deste mês, descobrimos curiosidades sobre Juan Gelman e o seu amado clube de futebol; sobre Carmen Balcells, que sonhava ser rica; sobre José Donoso e respectivos problemas com o pai e com empregos em geral; sobre Rosa Chacel e respetivas maleitas; e ainda sobre Nélida Piñón e música clássica.