Na paz das coisas selvagens, Wendell Berry
Nuno Amado
The peace of wild things, Wendell Berry
When despair for the world grows in me
and I wake in the night at the least sound
in fear of what my life and my children’s lives may be,
I go and lie down where the wood drake
rests in his beauty on the water, and the great heron feeds.
I come into the peace of wild things
who do not tax their lives with forethought
of grief. I come into the presence of still water.
And I feel above me the day-blind stars
waiting with their light. For a time
I rest in the grace of the world, and am free.
Na paz das coisas selvagens, tradução de Ana Castro
Quando o desespero do mundo me domina
e acordo na noite ao mínimo ruído
com medo do que a vida possa ser pra mim e pros meus filhos,
vou estender-me onde o pato-carolino
repousa a sua beleza na água, e a garça-real alimenta.
Exponho-me à paz das coisas selvagens
que não empenham a vida antecipando
a dor. Apresento-me à placidez das águas.
e pressinto, sobre mim, as estrelas
aguardando a luz. Por momentos,
entregue à graça do mundo, sou livre.
Wendell Berry, “The peace of wild things”, The Selected Poems of Wendell Berry. Berkeley: Counterpoint, 1999
Ana Castro tinha 10 anos no 25 de Abril. Trabalha nas obras.