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One Art
Maria S. Mendes
Um outra, tradução de Miguel Tamen
A outra lousa tem muito ar de mestra
Tantas coisas todas cheias de intenção
Partir a lousa não nos estraga a sesta.
Uma lousa por dia aceita a festa
Parte as chaves e ganha a hora em vão
A outra lousa tem muito ar de mestra.
Pratica, parte a lousa e fá-lo lesta
A praça o nome e a excursão
Ao norte. É pouca a lousa, e é modesta.
Parti a cigarreira e não me resta
Nenhuma das três casas na prisão
A outra lousa tem muito ar de mestra.
Parti duas cidades mera fresta
Do reino, dos dois rios, da contenção
Lamento mas é só coisa modesta.
—Mesmo sem ti (a voz sagaz a gesta
Que estimo) é mesma a minha opinião:
A outra lousa tem muito ar de mestra
Parecendo (escreve lá!) coisa modesta.
“One Art”, Elizabeth Bishop
The art of losing isn’t hard to master;
so many things seem filled with the intent
to be lost that their loss is no disaster.
Lose something every day. Accept the fluster
of lost door keys, the hour badly spent.
The art of losing isn’t hard to master.
Then practice losing farther, losing faster:
places, and names, and where it was you meant
to travel. None of these will bring disaster.
I lost my mother’s watch. And look! my last, or
next-to-last, of three loved houses went.
The art of losing isn’t hard to master.
I lost two cities, lovely ones. And, vaster,
some realms I owned, two rivers, a continent.
I miss them, but it wasn’t a disaster.
—Even losing you (the joking voice, a gesture
I love) I shan’t have lied. It’s evident
the art of losing’s not too hard to master
though it may look like (Write it!) like disaster.
Elizabeth Bishop, The Complete Poems 1927-1979. NY: Farrar, Straus & Giroux, 2008.
© 1979, 1983 Alice Helen Methfessel
Miguel Tamen é professor no Programa em Teoria da Literatura da Universidade de Lisboa. O seu último livro (com António M. Feijó) é A universidade como deve ser (2017).