Pelo que percebo, na meditação budista o objectivo é esvaziar ou libertar a mente. Por oposição, na contemplação cristã, o propósito é “concentrar” a mente e o coração em Deus – concentrarmo-nos totalmente em Deus, preencher de tal forma o coração, a mente e a consciência, com mais nada a não ser Deus, que todas as distracções são banidas; é estar-se totalmente presente para Deus e imerso em Deus – “sossega e conhece… Deus ["be still and know ... God”].
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Singapura tornou-se uma nação independente em 1965. Eu comecei a escrever em 1965/66. Havia pressão para que se encontrasse a nossa voz “nacional” e isso não conduziu a boa escrita. Prestei muito pouca atenção à chamada para essa tal poesia nacional e estava mais empenhada em tentar descobrir a minha própria identidade enquanto pessoa pertencente àquela época da História, quando de repente nos tornámos “singapurenses”. Além do mais, o público interessava-se pouco por poesia e havia poucos leitores. A minha motivação para escrever veio de dentro. Eu estava numa idade (21 anos) em que precisava de explorar aspetos da minha vida através da escrita e de descobrir a minha “voz”.
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Não é proibido. Se escrever sobre certas coisas com demasiada clareza e ninguém souber quem és, ninguém te vai publicar. Primeiro temos de ser alguém. Eu tive imensa sorte. O meu primeiro livro, que foi um êxito, é muito cifrado. Senti-me como se estivesse a mentir só para conseguir meter o pé na porta. Os meios de comunicação deram-me muita atenção. Foi de facto uma situação absurda. Senti-me grato pela atenção, mas gostava que não tivesse sido por esse livro. É simplesmente um livro que eu odeio. Mas decidi usar esta vantagem para abordar assuntos mais dolorosos, one-night stands…
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Gwee Li Sui é poeta, ilustrador e crítico literário. A sua obra poética inclui Who Wants to Buy a Book of Poems? (1998), One Thousand and One Nights (2014), Who Wants to Buy an Expanded Edition of a Book of Poems? (2015), The Other Merlion and Friends (2015), Haikuku (2017), e Death Wish (2017). Escreveu o primeiro romance gráfico de Singapura Myth of the Stone, que foi publicado em 2013. Gwee editou importantes antologias literárias. Também é o autor de FEAR NO POETRY!: An Essential Guide to Close Reading(2014) e Spiaking Singlish: A Companion to How Singaporeans Communicate (2017).
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A minha luta com Singapura alargou-se para além dos direitos LGBTQ+. Quando o estado proibiu a emissão pública de um documentário político (“To Singapore with Love”, de TAN Pin Pin) e retirou o subsídio atribuído a um romance gráfico politicamente crítico (The Art of Charlie Chan Hock Chye, de Sonny LIEW), decidi deixar de colaborar com as agências culturais do estado, para que o meu trabalho não pudesse ser usado para apoiar as medidas do estado tanto de repressão das liberdades dentro do país como de diplomacia externa. O governo usava e ainda usa o florescer das artes em Singapura como argumento a favor da benevolência de um regime que, na verdade, é muito repressivo. Em Singapura, uma pessoa que protesta em público pode ser considerada um ajuntamento ilegal e ser presa e acusada de crime.
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Pois há. Uma coisa de que gosto muito relativa ao ambiente linguístico dos meus pais, falantes de mandarim, tem a ver com a imagética. Parte do meu ambiente de mandarim está cravado nos meus poemas, e gosto disso. Gosto da forma como delineou esses “dois mundos”. Para mim, grande parte dessa experiência é concentração. O cérebro vai e vem constantemente, atravessa línguas... Às vezes é um pouco confuso, mas outras vezes oferece um espaço muito rico de criação de novo vocabulário.
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JF: Ouvi dizer que o detiveram em 1977 por quase quatro meses.
Ah, sim, isso é verdade. Foi numa operação em que detiveram vários suspeitos de comunismo, e eu fui detido com um grupo de outras pessoas. Tinha um amigo próximo que era comunista, e o governo suspeitava de que ele me tinha recrutado para a organização por causa da nossa amizade. Foi ilibado e depois libertaram-me.
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