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Sara Carvalho
Aqui fica o número especial dos Jogos Florais dedicado ao confinamento.
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Aqui fica o número especial dos Jogos Florais dedicado ao confinamento.
Read MoreQuem se tenha aventurado, nestes dias de quarentena, fora das paredes prisionais da sua casa, alcançando os lugares amenos dos parques e da beira-rio em que a cidade abranda o seu abraço de pedra, para concessões, fúteis mas agradáveis, ao corpo nu da natureza, terá observado, pasmado e alegre, que eles estavam mais cheios do que nunca de uma população peculiar de cidadãos em funções de exercício: runners, footers, ciclistas, skaters... nunca se viu tanta concentração de adeptos do fitness nas ruas de Lisboa (e das outras cidades do mundo em que esta forma de sair não fosse cruelmente negada pelo aperto do contágio).
Read MoreA sua morte no inverno de 1847.
O que sofreram. E como viveram.
E o que existe entre um homem e uma mulher.
E em que escuridão se pode ver melhor.
De qualquer modo, um dos motivos pelos quais gosto deste poema deve-se ao facto de ser possível interpretá-lo pelo menos de duas formas: ou temos um pássaro dentro do aviário e alguém que o aprisiona; ou temos um pássaro fora do aviário, que voa ao longe e é observado pela pessoa dentro da prisão. A única coisa que fica clara é que, tal como se percebe logo desde o início do poema, esta parece ser uma prisão de onde não se sai, a não ser que sejamos, claro, capazes de olhar para as paredes e imaginar que o nosso aviário é, na verdade, uma gaiola de voo.
Read Moreacredita
não posso com certas séries
de palavras que aspiram ao cómico
em tempos de peste não se limpam livros
e pensamos todos os dias
como lúcidos sem drama fizeram
em colocar a própria cabeça
inteira dentro da TV
mas logo desisto de ser séria
eu e as minhas células
mais a mais
só publicam porcarias e eu
cansada de filmes e não-filmes
prefiro desver tudo aquilo que desce
ou até aquele que certamente
nunca seria o programa preferido de Arendt
Read MoreEu sei lá se segunda é uma tristeza.
Podia ser terça, quarta, com certeza.
À sexta, falta-me a esperteza.
Mas, à quinta, bato palmas.
Read MoreO início do poema “Standing Furthest” de Mary Ruefle é capaz de soar familiar a quem esteja a ter dificuldades em ser produtivo durante o isolamento: “All day I have done nothing”. A ordem do primeiro verso é importante. Na verdade, “I have done nothing all day” seria a forma mais natural para expressar a ideia da frase. Ao inverter a ordem, Ruefle enfatiza o intervalo temporal entre “all” e “nothing” – que são eles próprios, por sua vez, opostos. Porém evitaria chamar a “Standing Furthest” um hino ao ócio, apesar do tom afirmativo do primeiro verso. Há, pelo contrário, um sentimento de culpa inerente à descrição que Ruefle faz das árvores que se encontram lá fora: “To admonish me a few aspen/ jostle beneath puny stars”. Os “aspen” movem-se violentamente (“jostle”), não por causa do vento, mas para censurar Ruefle por não ter feito nada todo o dia.
Read MoreSe o vírus me atacar,
encontrar-me-á já gravemente enferma,
infetada pelos media.
Read Morepara onde sopram as
preocupações, se já só a chuva
se reflecte no lago
Read MoreObrigada por terem aguardado.
Convidamos agora a embarcar os passageiros medíocres,
seguidos dos passageiros a quem falta perspicácia empresarial
ou potencial para genuína liderança, seguidos da gente
com pouca ou nenhuma importância, seguidos de gente
que funciona como gente em perda fiscal.
Read MoreAbafa-se o envelhecimento, restolho ao fundo
Read MoreO vírus invisível
a princípio somos nós
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