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Singapura

Editorial

Sara Carvalho

No final de Agosto de 2018, os Jogos Florais viram-se na húmida Singapura em estado de jet-lag. Com pouca inclinação para compras e banhos de sol, decidimos que as férias são o que uma pessoa quiser e mergulhámos em leituras sobre Singapura, as suas políticas e os seus poetas.

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Poemas de Angeline Yap

Maria S. Mendes

Discreta, a felicidade instala-se

sobre as coisas, como poeira fina;

sobre amassar o pão,

descascar cenouras para o guisado,

sobre deitar leite num pires

para o gato, e passar a mão

pelo arrepio suave do

corte à escovinha do teu filho;

- tu toma-la como o cheiro de sabonete

no rosto acabado de barbear do teu marido;

como a cauda do cão a abanar disparatada,

ou o miado grave do gato, e o lambido 

da sua língua de areia.

Se quisesses, podias tentar medi-la;

juntando tudo minuciosamente num monte de ouro, (…)

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Entrevista a Angeline Yap

Maria S. Mendes

Pelo que percebo, na meditação budista o objectivo é esvaziar ou libertar a mente. Por oposição, na contemplação cristã, o propósito é “concentrar” a mente e o coração em Deus – concentrarmo-nos totalmente em Deus, preencher de tal forma o coração, a mente e a consciência, com mais nada a não ser Deus, que todas as distracções são banidas; é estar-se totalmente presente para Deus e imerso em Deus – “sossega e conhece… Deus ["be still and know ... God”].

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Entrevista a Anne Lee Tzu Pheng

Maria S. Mendes

Singapura tornou-se uma nação independente em 1965. Eu comecei a escrever em 1965/66. Havia pressão para que se encontrasse a nossa voz “nacional” e isso não conduziu a boa escrita. Prestei muito pouca atenção à chamada para essa tal poesia nacional e estava mais empenhada em tentar descobrir a minha própria identidade enquanto pessoa pertencente àquela época da História, quando de repente nos tornámos “singapurenses”. Além do mais, o público interessava-se pouco por poesia e havia poucos leitores. A minha motivação para escrever veio de dentro. Eu estava numa idade (21 anos) em que precisava de explorar aspetos da minha vida através da escrita e de descobrir a minha “voz”.

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Poemas Cyril Wong

Maria S. Mendes

Obrigado pelo subtil sado-maso
pelo bondage suave, pelas palmadas precisas;
por acenderes todas as luzes
sob a minha pele. Obrigado pela confiança
e pela experimentação; pela perversidade, 
de módica até que-caralho-
estavas-a-pensar? Obrigado 
por ainda acreditares em limites.
Obrigado pela submissão 
e por aceitares a contradição:
por perceberes “sim” quando
eu queria dizer “não”. Obrigado
por nos manteres juntos 
no aqui e no agora;
pela arte da nossa amnésia
relativa à impermanência 
e a um mundo purgatorial lá fora.

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Entrevista a Cyril Wong

Maria S. Mendes

Não é proibido. Se escrever sobre certas coisas com demasiada clareza e ninguém souber quem és, ninguém te vai publicar. Primeiro temos de ser alguém. Eu tive imensa sorte. O meu primeiro livro, que foi um êxito, é muito cifrado. Senti-me como se estivesse a mentir só para conseguir meter o pé na porta. Os meios de comunicação deram-me muita atenção. Foi de facto uma situação absurda. Senti-me grato pela atenção, mas gostava que não tivesse sido por esse livro. É simplesmente um livro que eu odeio. Mas decidi usar esta vantagem para abordar assuntos mais dolorosos, one-night stands

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Poemas de Edwin Thumboo

Maria S. Mendes

Within the storm, a room;
Within the room a special quiet:
Within the softly gradual point
Intersecting selves reflate.
In one corner, a threat of shadows
Mixing with half-remembered remnant
Chants, codicils, footnotes, old infinities.
The air-con’s goblin hum
Shakes the window’s furtive light.
Outside our thunders quarrel.
All is familiar, poised.

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Poemas Gwee Li Sui

Maria S. Mendes

Como Não Aprender Nada, tradução de Miguel Cardoso

 

Diz alguém na missa
que a crise é um tempo de provação
mas já antes ouvi dizer
que os bons tempos são tempos de provação.
Por certo que só aquele que tem falta de provações
passará o seu tempo a falar de provações
uma vez que só quem de medo sobrevive
passa o seu tempo a falar do medo
tal como quem perde o norte 
discorre à toa sobre o rumo a tomar.

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Entrevista a Gwee Li Sui

Maria S. Mendes

Gwee Li Sui é poeta, ilustrador e crítico literário. A sua obra poética inclui Who Wants to Buy a Book of Poems? (1998), One Thousand and One Nights (2014), Who Wants to Buy an Expanded Edition of a Book of Poems? (2015), The Other Merlion and Friends (2015), Haikuku (2017), e Death Wish (2017). Escreveu o primeiro romance gráfico de Singapura Myth of the Stone, que foi publicado em 2013. Gwee editou importantes antologias literárias. Também é o autor de FEAR NO POETRY!: An Essential Guide to Close Reading(2014) e Spiaking Singlish: A Companion to How Singaporeans Communicate (2017).

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Poemas, Jee Leong Koh

Maria S. Mendes

QUARTA-FEIRA, 13 DE ABRIL

Vem, puto, faz amor gay comigo.
Uma noite de amor não faz de ti maricas,
se não é para maricas que estás voltado.
Amar um homem é só mudar de agulhas,
Porquê fazê-lo com uma miúda, colchão de água ondulante 
e temer os furos feitos mais adiante? 
Porquê meter, num forno que ela adora controlar,
a tua bandeja de biscoitos e esperar?
Os homens amam-se quando amam outro homem;
amando-se a si mesmos sabem como se chupar
manejar duas ou dez 
na curva do alívio eficaz.
O que é que tens a perder? Lança-te, acrobata!
Podes sempre voltar a cair em quatro patas.

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Entrevista a Jee Leong Koh

Maria S. Mendes

A minha luta com Singapura alargou-se para além dos direitos LGBTQ+. Quando o estado proibiu a emissão pública de um documentário político (“To Singapore with Love”, de TAN Pin Pin) e retirou o subsídio atribuído a um romance gráfico politicamente crítico (The Art of Charlie Chan Hock Chye, de Sonny LIEW), decidi deixar de colaborar com as agências culturais do estado, para que o meu trabalho não pudesse ser usado para apoiar as medidas do estado tanto de repressão das liberdades dentro do país como de diplomacia externa. O governo usava e ainda usa o florescer das artes em Singapura como argumento a favor da benevolência de um regime que, na verdade, é muito repressivo. Em Singapura, uma pessoa que protesta em público pode ser considerada um ajuntamento ilegal e ser presa e acusada de crime. 

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Poemas de Loh Guan Liang

Maria S. Mendes

追 (Procura)

 

A minha professora de chinês ensinou-me
que procura começa com um ponto que rompe
a superfície, depois um golpe ascendente 
à direita, a vela tem que estar erguida 
antes que outros traços possam surgir,  
como barcos sulcando águas brancas.
Quando envolveu a minha mão na sua, percebi
a sequência implacável da caligrafia 
e como a caneta só conseguia escrever a vida
para a frente, nunca para trás. Agora, mais velho,  
procura parece-me mais uma borboleta 
à espera de encontrar a outra asa -  o que
a minha professora de chinês não disse
é que cada frase também termina
num ponto, só que voltado sobre 
si mesmo, o ponto de partida
quase a tocar o ponto de chegada。

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Entrevista a Loh Guan Liang

Maria S. Mendes

Pois há. Uma coisa de que gosto muito relativa ao ambiente linguístico dos meus pais, falantes de mandarim, tem a ver com a imagética. Parte do meu ambiente de mandarim está cravado nos meus poemas, e gosto disso. Gosto da forma como delineou esses “dois mundos”. Para mim, grande parte dessa experiência é concentração. O cérebro vai e vem constantemente, atravessa línguas... Às vezes é um pouco confuso, mas outras vezes oferece um espaço muito rico de criação de novo vocabulário.

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Poemas de Pooja Nansi

Maria S. Mendes

Amitabh Bachan

  

Quero casar com ele sussurro para a televisão aos três anos de idade porque quem mais pode abrir a porta de um carro como este alto e arrogantodelicioso homem quem mais pode morder um palito como se de um primeiro beijo escaldante se tratasse e é difícil encontrar palavras para articular o redemoinho na minha barriga, os seus olhos enlutados, mas mas transformam o luto em algo sensual. Cuja voz é um barítono borbulhante de chocolate, ele caminha devagar entre homens que caiem nas cenas de luta de filmes de western curry e ó meu deus estará ele a fumar aquele cigarro ou a tentar dar um orgasmo este homem este pilar de desejo de um metro e oitenta o mau da fita diz: "agora estás em apuros, patife, andávamos à tua procura" Mas ele? Ele inclina a cabeça para trás, exala fumo e diz " andavam à minha procura por todo lado, enquanto eu estava aqui à espera". E quando vai em busca do mau da fita ele mantém-se como uma rocha no meio de um furacão e lança Agar apni maa ka doodh piya hai to saamne aa. Raaaaaios moço vais deixar uma rapariga incapaz de andar em linha reta o teu sorriso bate como um cocktail duplo de gin e vodka. Tu tão belo numa motocicleta, rijo e magro num cavalo. Tu a dançar, mas apenas a mover um músculo, tu resplandecente de remorso. Tu, na chuva, encharcado até à curva do teu peito, tu armado com um meio sorriso. Tu cheio de raiva e ternura e sexo, tu artilhado de óculos de sol de aviador, colarinho largo, boca de sino. Deus valha todas as raparigas trigueiras como eu em toda a parte crescendo vendo-te nos ecrãs. Deus valha à minha fome de rapariga trigueira e os meus escaldantes sonhos de rapariga trigueira.

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Poemas de Shirley Geok-lin Lim

Maria S. Mendes

Vives em Singapura?, tradução de Ana Pereirinha

(Com um muito obrigada a Wendy Cope)

 Há aí alguém que possa realizar o desejo da minha mãe?
CEO transnacional com jacto particular,
vives em Singapura? Serás tu?

Família rica e bem relacionada, nada kiasu
advogado bem-sucedido, bem vestido e sensato
Há aí alguém que possa realizar o desejo da minha mãe?
Ou generoso, de tipo artístico, também,
desde que tenha um canudo de Harvard ou de Yale- NUS

Vives em Singapura? Serás tu?
É melhor que já tenha uma vivenda:
Em Thomson, ou Holland Village, ou uma Villa in Spain
Há aí alguém que possa realizar o desejo da minha mãe?

Pode ser um bolseiro brilhante de QI elevado, 
sensível e sexy, mas com cabeça.
Vives em Singapura? Serás tu?

Só interessam candidaturas de cidadãos. Não temos
muitas outras exigências: dá-se preferência a cristãos.
Há aí alguém que possa realizar o desejo da minha mãe?
Vives em Singapura? Serás tu?

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Poemas de Tania de Rozario

Maria S. Mendes

(…)This is not 

some ode with your name on it. I want
to write you a poem that drives a bullet 

through your beliefs, plagues you
with your own reflection, shatters
every illusion like bricks through a window 

pane: let it stir the birds in your chest 

so hard they burst through your flesh
in a spectacle of sound and despair. I want 

to write you a poem that lingers
on your breath like cigarettes, stings
your eyes like salt, its fingers pointing 

unflinchingly: This is what you are.

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Entrevista a Yeng Pway Ngon

Maria S. Mendes

JF: Ouvi dizer que o detiveram em 1977 por quase quatro meses.

Ah, sim, isso é verdade. Foi numa operação em que detiveram vários suspeitos de comunismo, e eu fui detido com um grupo de outras pessoas. Tinha um amigo próximo que era comunista, e o governo suspeitava de que ele me tinha recrutado para a organização por causa da nossa amizade. Foi ilibado e depois libertaram-me.

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